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terça-feira, 30 de novembro de 2010

“Cult para todos”

A XIV Semana Cultural da Academia Paraense de Letras, fez jus ao nome e encheu o público de palestras que enriqueceram, sem dúvidas, o conhecimento e o fascínio pelas obras e autores abordados.

Clarice Lispector, Gil Vicente, Nelson Rodrigues, Gregório de Mattos Guerra, Benedito Nunes e Rachel de Queiroz foram analisados não somente por suas obras, mas por tudo o que fizeram para tornarem-se imortais. Eles tiveram sua obra e vida explicadas através de professores e poetas de alto nível intelectual da nossa cidade, a saber, Antônio JoséMattos, Avertano Rocha, João Carlos Pereira, Edy-Lamar de Oliveira, entre outros.

A cada palestra, um outro universo abria-se aos estudantes e ao saber alguma novidade sobre esses autores tão conhecidos, a Semana Cultural tornava-se uma valiosa ferramenta de estudo.

Uma das palestras que mais chamou a atenção dos participantes foi a do Prof. Dr. Avertano Rocha, a qual, intitulava-se “A narrativa de Clarice Lispector”. Além de explicar o modelo da narrativa da escritora, o professor deu ênfase ao contato que a mesma teve com a nossa cidade e, sobretudo, com o filósofo e escritor Benedito Nunes, que analisou o aspecto literário e filosófico de Clarice Lispector.Pela descrição dessa palestra, podemos imaginar o conteúdo das outras.

O objetivo da Semana Cultural, segundo Alonso Rocha, presidente da Academia Paraense de Letras, é a preservação da cultura. Ele falou do esforço que a APL faz para promover eventos como estes e da dificuldade encontrada por falta de recursos financeiros e humanos.
“Nós temos aqui apenas dois funcionários, um cedido pela Secretaria de Cultura e o outro pelo corpo de bombeiros. Praticamente não temos recursos para dar esse suporte financeiro às nossas atividades”.

Além dessas reclamações, Alonso Rocha disse que a falta de apoio da mídia é outra barreira q a APL enfrenta: “Há três anos a Semana Cultural teve mais de duzentas inscrições, por causa da publicidade que teve em torno dela, este ano foram cerca de trinta, sendo que o evento é aberto ao público, pois perdemos esse apoio da mídia.”

Nós, estudantes, esperamos que essa falta de apoio seja superada, pois, precisamos de eventos como estes para nos tornarmos bons profissionais. Buscamos um ensino melhor, não apenas de dentro das escolas e universidades, mas de todas as outras instituições que nos dêem apoio intelectual. Além do mais enriquecer-se culturalmente não é só uma questão escolar, de disciplina, e sim, de crescimento pessoal. Aprender algo mais é sempre bom!

domingo, 28 de novembro de 2010

A ilusão da Educação

Uma palavra tão corriqueira, um assunto fundamental para dar credibilidade aos discursos políticos, algo que é reivindicado constantemente em nosso país.
Mas será que sabemos mesmo o que é educação?

Podemos definir educação com um fenômeno eminentemente social, ou seja, específico das sociedades humanas que consiste na transferência de conhecimentos, valores e técnicas de uma geração para outra. Ela é um elemento básico para a perpetuação da sociedade. Cada povo elabora ao longo do tempo seus projetos educacionais.

Em sua essência, a educação é simples, aplicável em qualquer lugar. No entanto, a partir do momento que o Estado-nação a institucionaliza e assume para si o papel de educar, ela passa a ser vista como um instrumento poderoso de identidades pessoais e sociais. O que antes era democrático, passa a ser privilégio de alguns e critério de divisão de classes.

A educação escolar educa poucos e segrega muitos, não se universalizou em nossa sociedade, como mostram os comandantes do mundo. Para comprovarmos isso, basta olharmos em nossa volta. Nosso país rico em desigualdades sociais, onde só quem tem oportunidade de evoluir (não só financeiramente, como também pessoalmente) é quem tem acesso ao ensino escolar. E quem tem acesso ao ensino?
Certamente não é a camada mais desfavorecida de nosso país.

Há que se lutar muito para tirar a educação dessa vitrine chamada escola e trazer à tona as suas funções básicas: perpetuar e promover rupturas. Se for para atingir tais objetivos através das escolas e universidades, que nossos governantes tenham a capacidade de investir mais recursos nelas e nos profissionais responsáveis por transmitir o ensino, para que este seja de qualidade.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Comunicação social e Democracia: a liberdade de imprensa no Estado Democrático de Direito

O II Simpósio Interdisciplinar de Ciências Jurídicas e Sociais realizado pelo CADEL (centro acadêmico de direito “Edson Luís”) da UFPA teve como tema: Democracia, participação política e cidadania.

Entre os vários palestrantes demos destaque a Lúcio Flávio Pinto que discutiu sobre: Comunicação social e Democracia: a liberdade de imprensa no Estado Democrático de Direito.
Um tema polêmico e importante de ser debatido diante da expansão das novas mídias; da banalização da profissão de jornalista, já que, não se exige mais diploma para exercer a profissão; da grande liberdade de expressão que as pessoas têm diante da internet.

Ao relacionar democracia e liberdade, ele afirmou que o Estado é, por natureza, autoritário e repressor, que a nossa democracia ainda é muito frágil e está sujeita a muitas adaptações.

O sociólogo e jornalista garante que o avanço da humanidade é a informação. Para ele, a internet representa uma ameaça porque está “dourando” tal informação. As pessoas lêem as notícias que estão disponíveis em diversos sites e não têm embasamento algum, não sabem a origem do fato, se contentam com recortes de notícias, ou seja, apesar de todo o aparato tecnológico, continuam mal informadas.
Tal situação tende a piorar, pois, com toda a facilidade que a internet tem proporcionado, a “grande imprensa” tem sido deixada de lado, o que é um erro, visto que, não conseguiremos ter avanço intelectual algum se continuarmos presos à opinião do que é ofertado de maneira simples e não criarmos nosso senso crítico. A difusão das notícias através das novas mídias é importante, mas não pode substituir os outros meios de comunicação. Se fazemos parte da “era da informação”, então, temos que ser verdadeiramente informados.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O que fica de cada experiência...

Falar como profissional com os moradores do Pão de Santo Antônio, levar uma pauta e simplesmente cumpri-lá seria um saldo baixo demais para nós como seres humanos, pois, ao visitarmos um lugar onde são atendidos idosos com as mais diversas histórias e com uma vida inteira a ser contada tivemos muito mais do que um trabalho de faculdade pronto.

Tivemos a oportunidade de aprender com as experiências vividas por eles, nos sensibilizamos ao perceber que o preconceito está enraizado dentro do ser humano. Há preconceito contra o negro, o homossexual, a mulher e até mesmo contra o idoso.
Algumas pessoas ainda têm a infeliz idéia de que a pessoa idosa não tem função nenhuma, que chegar a terceira idade é estar fadado aos favores dos mais novos. Ser idoso não é sinônimo de ser inválido.

Dona Clívia nos contou que não suporta depender de alguém :”Sempre fui independente, trabalhei desde cedo para ter meu próprio dinheiro. Não é agora, com os meus 74 anos que vou dar trabalho para os meus filhos e netos!”
Além da independência que muitos idosos fazem questão de preservar , eles também não deixam o corpo parado à espera das consequências que o tempo sempre traz , eles gostam de dançar, de nadar, jogar e outras atividades que os façam sentir-se vivos.
É exatamente disso que eles precisam, sentir que são importantes, que têm algo a acrescentar às pessoas privilegiadas que convivem com eles.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Falta de vagas em asilos públicos de Belém

“Nós aqui no Pará estamos carentes de casas, hotéis e pousadas geriát ricas, em Belém só há uma casa em que o idoso é atendido com dignidade, que é o Pão de Santo Antônio, as outras são deficientes de tudo”. Essas são as palavras de Clívia Afonso, 74 anos, paraense, que procurou um lugar decente no qual pudesse viver tranquila com seu marido Amindas Afonso, que tem Mal de Alzheimer. O casal optou por ficar em Belém, mas sentiu a necessidade que há de Entidades de Acolhimento do Idoso.

No dia 1º de outubro foi o dia Internacional e Nacional do Idoso, mas em Belém não houve muito que comemorar nesse dia. O número de Instituições de Longa Permanência para Idosos do Estado é hoje insuficiente para a crescente demanda. Com listas de espera enormes e sem a qualidade de vida e a atenção necessária, muitas pessoas de idade não têm outra saída que não seja recorrer a instituições particulares. Belém conta hoje com três instituições de longa permanência para idosos (nome correto dos asilos), sendo eles o Pão de Santo Antônio, que é particular, o Abrigo Lar da Providência e a Casa Socorro Gabriel, ambas mantidas pelo Estado.

Segundo Valéria Sagica, assistente social do Pão de Santo Antônio, há três situações hoje de entrada na instituição: espontâneo, encaminhamento por orgãos públicos (Ministério Publico, hospitais) e a busca por familiares ou terceiros como vizinhos e amigos; em todos os casos, o idoso passa por uma avaliação clinica e psiquiátrica. Idosos com transtornos mentais ou psicológicos não são aceitos, pois mesmo se tratando de uma instituição particular, o Pão de Santo Antônio não tem estrutura para tratar de casos assim.

O artigo 50 parágrafo 16 do Estatuto do Idoso dá às Entidades de Atendimento ao Idoso o direito de “comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos familiares”. Quando a família simplesmente “larga” aquele parente por não ter mais condições de cuidar dele ou por que o considera como um fardo, contribui assim para que se repitam hoje as mesmas cenas em hospitais e instituições públicas, com pessoas idosas em macas e cadeiras pelos corredores, maus tratos de funcionários, e escassez de comida e remédios.

Há muitas diferenças no tratamento oferecido ao idoso por uma Entidade pública e uma privada. No Pão de Santo Antônio, por exemplo, os idosos contam com uma boa estrutura não só de moradia, mas psicológica também. Eles pagam uma mensalidade com a própria aposentadoria, recebem visitas freqüentes de seus familiares, têm ao seu dispor uma equipe técnica composta por um clínico geral, professora de educação física, fisioterapeutas, nutricionista e terapeuta ocupacional. Alguns desses profissionais vêm de instituições que disponibilizam os materiais necessários às atividades dos idosos, como a Universidade da Amazônia.

O contrário dessa realidade pode ser vista em Instituições de Longa Permanência públicas, como o Abrigo Socorro Gabriel, localizado na Travessa Padre Eutíquio, no qual a entrevista foi negada. Em instituições como essa, o idoso só é acolhido se realmente não tiver alguém responsável e a estrutura oferecida é precária. Essa é a realidade dos idosos não só no Pará, mas do Brasil inteiro. Pessoas que já trabalharam tanto, já passaram muitas vezes por necessidades, batalharam para educar seus filhos, vivem no final de sua vida à mercê da caridade de uma minoria que se sensibiliza com tal situação.

Mais do que um lugar físico para serem acolhidos, os idosos precisam de afeto. Clívia Afonso, sentiu que no Pão de Santo Antonio o seu marido que tem Mal de Alzheimer obteve uma melhora, pois a comunicação e o bem estar refletiram na sua saúde, como dito por ela, “o ser humano não nasceu pra viver sozinho, aqui no amanhecer você já tem pra quem dar bom dia”.


Matéria feita com Debb Cabral.
Fotos: Camille Nascimento